"Your drawings have real humanity. That is rare and precious as gold." (Seus desenhos tem uma humanidade verdadeira. Isso é raro e precioso como ouro). O autor e ilustrador Willian Joyce comentou isso em um desnho que postei no Intagram em 2015 (uau, 10 anos atrás), e ultimamente tenho pensado muito nisso.

Na época eu estava no segundo ano do curso de Belas Artes da UFRuralRJ, onde estava experimentando diferentes materiais e formatos para se fazer arte, preenchendo dois sketchbooks por ano com ideias mirabolantes e desenhos variados. Eu estava no auge da minha criatividade. Não foi o compromisso da faculdade que matou minha vontade de criar.
Em 2019 encontrei meu primeiro emprego, eu desenhava para animação em um estúdio no Rio. Mas eu não acho que poderia chamar isso de criar. Não posso falar pela experiência de todo mundo, mas trabalhar dentro de um estúdio de animação parecia muito longe de criar arte pra mim. Eu desenhava um cenário ou outro, muitos props e algumas ilustrações e, apesar de ter conciência do briefing e da visão do diretor, tudo parecia muito limitado. O capitalismo mata a criatividade. Manter as pessoas erradas ao redor mata a criatividade.
Meus desenhos pessoais, apesar de parecem mais anatomicamente corretos, com cor luz e sombra adequados, estavam longe de serem criativos. Fui perdendo a graça, o charme, a humanidade. Agora eram apenas fanarts para vender print em feira de anime (nada contra quem vende print em feira de anime, eu faço isso, apesar de não querer mais). Willian Joyce certamente não deixaria o mesmo comentário de 2015 nos meus desenhos atuais, eu mesma vejo o distanciamento desses desenhos do comentário espirituoso deixado por ele. Está cada dia mais difícil criar.
A necessidade de ter dinheiro, comprar uma casa, ser independente, a ansiedade de não conseguir fazer nenhum desses, isso mata minha criatividade. E esse ciclo segue assim, eu talvez não tenha forças o suficiente para quebrá-lo. Mas eu estou tentando.
Entre minhas metas para o ano está: participar de oficinas e visitar mais espaços de arte. Coisas simples e possíveis, às vezes até gratuitas.
Na oficina de zine oferecida pela Seiva com a Giovanna Cianelli, experimentei fazer colagens usando revistas e adesivos, sem desenhar nada, realmente para sentir esse outro jeito de ser criativa. Eu simplesmente amei!
Experienciar a arte de uma nova maneira me ajuda a pensar na criação artística de um jeito diferente. Como se o cérebro aprendesse um caminho novo até chegar ao resultado final. O que torna o processo mais prazeroso, ou menos doloroso.
Ano passado me arrisquei física, emocionalmente e financeiramente para realizar uma Residência Artística no Japão (que vou me aprofundar mais aqui pelas Newsletters) . Foi a melhor experiência que já tive na vida, tanto pessoalmente quanto em relação a arte. Lá tive o privilégio de acompanhar o processo de meus colegas, cada um de um canto do mundo, cada um com seu método de criação. Um costurava, o outro dançava, mais um pintava e ver tudo isso acontecendo no mesmo ambiente também abriu novos caminhos na minha cabeça.
Quero citar especialmente as pintoras de arte Arte Abstrata que estavam lá. Ver esse tipo de arte ser produzida diante dos meus olhos me fez pensar diferente, tanto que comecei esses dias a procurar mais aprendizado sobre. Mas quero falar sobre isso com mais detalhes no nosso próximo encontro.
Fiquem a vontade para comentar, conversas, essa é a ideia desse novo formato. Obrigada por chegar até aqui e até a próxima!
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